(reportagem Jornal Lance! – publicada em 15 de fevereiro de 09)
NÃO EXISTE DEMANDA PARA A ARENA
Instalações modernas e a excelência em eventos esportivos conquistadas com o Pan serviram para expor várias fraquezas.
O Rio sonhado pós Jogos Pan e Parapan-Americanos de 2007 por pouco não se transformou num pesadelo. Várias promessas para o mundo esportivo, principalmente a utilização das utilizações erguidas para a revelação de talentos, não ocorreram.
- Não existe demanda para eventos de esportes. Tivemos pedidos para shows, eventos corporativos. Agora teremos o tênis (torneio Rio Champlos, em março), exibição de basquete, hóquei, mas são todos mais espetáculos do que eventos esportivos – disse o presidente da GL Events do Brasil, Arthur Repsold.
Em 2007, a empresa ganhou a concessão da Arena Multiuso do Autódromo Nelson Piquet, com o custo de R$ 269,9 mil mensais até 2016. Em março, o ginásio se transformou na HSBC Arena.
- Estou até disposto a não cobrar o aluguel só os custos. – disse Repsold.
Tanto a Arena Multiuso, que consumiu R$ 128 milhões, e o Estádio Olímpico João Havelange (R$ 400 milhões), atualmente administrado pelo Botafogo, foram erguidos pela prefeitura do Rio e cedidos a iniciativa privada porque o Município não encontrou uma maneira de pagar os custos de manutenção e transformá-los em legado esportivo e social.
Destino idêntico foi reservado a outras duas instalações erguidas pela prefeitura: o Parque Aquático Maria Lenk e o velódromo. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) assumiu os equipamentos, mas ainda não começou a explorá-los.
O Complexo de Deodoro, voltado as disputas hípicas e de tiro, pouco serviu para o desenvolvimento de novos talentos. A única instalação reformada para o Pan e utilizada pela comunidade é o Parque Aquático Júlio Delamare, no Complexo do Maracanã. Mas, antes mesmo da competição, abrigava projetos sociais.
Não fosse o reconhecimento da comunidade internacional à excelência do Brasil na preparação de eventos esportivos e a perspectiva de evolução com a construção de instalações de ótimo nível, o Pan e o Para-Pan teriam sido de pouca serventia.
A QUALIDADE DE VIDA QUE FICOU NO PAPEL
A realização dos Jogos Pan e Parapan-Americanos deram aos cariocas a ilusão de um Rio melhor para se viver ao final da disputa. Várias oportunidades como a despoluição das Lagoas da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, criação da estação de tratamento do canal Arroio Fundo, também na Barra, além de outros projetos como melhorias dos hospitais e transportes públicos transformariam a cidade em uma das melhores do mundo em qualidade de vida.
Mas os problemas de relacionamento político entre os três níveis de governo ajudaram a agravar a concretização dos projetos. Por exemplo, a prefeitura do Rio e o governo federal tiveram vários desentendimentos para a construção da estação de tratamento de águas do canal Arroio Fundo, orçada em R$ 23,2 milhões e até hoje não concluída.
A despoluição das Lagoas da Barra e Jacarepaguá, uma das principais carências da região, também empacaram por falta de recursos.
Os hospitais públicos, principalmente os municipais, continuaram em colapso. O Hospital Lorenço Jorge, referencia para o atendimento da população durante o Pan, tinha investimentos previstos de R$ 10 milhões, mas em uma visita ao local percebe-se que a situação pouco mudou.
O caótico trânsito do Rio permaneceu como antes do Pan. Nos transportes (veja abaixo) não houve nenhum avanço significativo.
AS PROMESSAS DE OBRAS FARAÔNICAS
Com o Pan assegurado, o Rio entrou na briga para a Olimpíada e Paraolimpíada de 2012. Não passou da etapa inicial, mas prometeu uma séries de obras que somadas às do Pan, transformariam a cidade em uma das melhores do mundo em qualidade de vida. Entre as realizações estavam as construções das linhas 4 (Barra da Tijuca – Zona Sul) e 6 (Barra – Baixada Fluminense) do metrô.
Outra obra vultosa era o Trans-pan – um Veículo Leve sobre Trilhos que ligaria o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra. Em determinado momento, cogitou-se a construção do Trem Bala, entre Rio e São Paulo, além da implantação de linhas de ônibus articulados.
E na disputa política para ver quem mais contribuía para a realização dos jogos até o Programa de Despoluição da Baia de Guanabara, que se arrasta desde 1994, teve seu término prometido.
“Abaixo minha opinião sobre as Olimpíadas Rio 2016”
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