sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

TEXTO DE ALI KAMEL - SOMOS TODOS PARDOS


O jornalista Ali Kamel, faz nesse texto um enfoque diferente da questão racial no Brasil.

A colocação dos pardos (uma imensa parcela do país) como peso na demonstração do racismo no país e a possível exclusão deles quando se trata das políticas de cotas e ações afirmativas para raças que estão sendo empregadas pelo Brasil a fora. É um texto interessante e que gera reflexão tanto de quem concorda com ele (como eu) como de quem discorda. Apesar do texto não ser tão atual o tema é atualíssimo e recorrente. Vale a pena ler e se informar.

Rafa Rangel
(leiam e comentem no meu blog!)

Somos todos pardos
ALI KAMEL

O leitor interessado no tema certamente já ouviu ou leu esta frase: a pobreza no Brasil tem cor e ela é negra. É uma frase sempre presente nos trabalhos de pesquisadores que defendem a política de cotas raciais, seja nas universidades, seja no serviço público. Os números que eles divulgam são de fato eloqüentes. Eles sempre dizem que os brancos no Brasil são 54% da população e os negros, 45%. E se perguntam: "Será que a pobreza acompanha esses mesmos critérios demográficos?" E respondem que não: segundo um estudo com dados de 1999, dos 53 milhões de brasileiros pobres, os brancos são apenas 36% e os negros representam 64% do total. E concluem: os negros são pobres porque no Brasil há racismo.

Os números são eloqüentes, mas inexatos. Segundo o mesmo estudo, os negros são 5% e não 45%. Os brancos são, de fato, 54% da população. A grande omissão diz respeito aos pardos: eles são 40% dos brasileiros (as alterações no Censo de 2000 foram mínimas). Entre os 53 milhões de pobres, os negros são 7%, e não 64%.

Os brancos, 36% e os pardos, 57%. Portanto, se a pobreza tem uma cor no Brasil, essa cor é parda. O que os defensores de cotas fazem é juntar o número de pardos ao número de negros, para que a realidade lhes seja mais favorável: é apenas somando-se negros e pardos que o número de pobres chega a 64%. Os artigos desses pesquisadores primeiro estratificam a população entre brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas para, logo depois, agrupar pretos e pardos e chamá-los a todos de negros (desse ponto em diante, em todas as estatísticas, há apenas menção a negros, mas, na verdade, os números se referem sempre à soma de pardos e negros). Geralmente os pesquisadores fazem a seguinte observação: "A população negra ou afro-descendente corresponde ao conjunto das pessoas que se declaram pretas ou pardas nas pesquisas do IBGE".

O problema é definir o que é pardo. Para mim, é constrangedor ter de discutir nesses termos, eu que não tenho a cor de ninguém como critério de nada. Mas, infelizmente, é a lógica que reina no debate e eu tenho de me curvar a ela. A funcionária do IBGE que me ajuda com os números se disse parda ao censo, "parda como a Glória Pires". Mas, para muitos, a Glória Pires é branca. Digo isso com real preocupação: quem é pardo? O pardo é um branco meio negro ou um negro meio branco?

Somar pardos e negros seria apenas um erro metodológico se não estivesse prestes a provocar uma injustiça sem tamanho. Porque todas as políticas de cotas e ações afirmativas se baseiam na certeza estatística de que os negros são 64% dos pobres, quando, na verdade, eles são apenas 7%. Na hora de entrar na universidade ou no serviço público, os negros terão vantagens. Os pardos, não. Do ponto de vista republicano, isso é grave. Na hora de justificar as cotas, os pardos são usados para engrossar (e como!) os números. Na hora de participar do benefício, serão barrados. Literalmente. Este ano, a Universidade Estadual de Matogrosso do Sul instituiu cotas para negros em seu vestibular: 20% das vagas, 328 lugares. 530 estudantes se disseram negros e tiveram de apresentar foto colorida de tamanho cinco por sete. Uma comissão de cinco pessoas foi constituída para analisar as fotos segundo alguns critérios. Só passariam os candidatos com o seguinte fenótipo: "Lábios grossos, nariz chato e cabelos pixaim", na definição dos avaliadores. 76 foram rejeitados por não terem tais características. Provavelmente, eram pardos.

Que o Brasil é injusto, não há dúvida, mas querer criar mais uma injustiça é algo que não se entende. Por que os pardos, usados para justificar as cotas, terão de ficar fora delas, mesmo sendo tão pobres quanto os negros? Porque alguns têm nariz afilado ou cabelos ondulados? E por que os brancos, mesmo pobres, serão condenados a ficar fora da universidade? Os defensores de cotas raciais dizem que os brancos são "apenas" 36% dos pobres. Apenas? 36% significam 19 milhões de brasileiros, um enorme contingente que será abandonado à própria sorte (grifo nosso). A simples existência de tantos brancos pobres desmentiria por si só a tese de que a pobreza discrimina entre pobres e negros: em países verdadeiramente racistas, o número de pobres brancos jamais chega próximo disso. Da mesma forma, o enorme número de brasileiros que se declaram pardos, 68 milhões numa população de 170 milhões, já mostra que somos uma nação amplamente miscigenada. Como o pardo tem de ser, necessariamente, o resultado do casamento entre brancos e negros, o número de brasileiros com algum negro na família é necessariamente alto. Isso seria a prova de que somos uma nação majoritariamente livre de ódio racial (repito que, sim, sei que o racismo existe aqui e onde mais houver seres humanos reunidos, mas, certamente, ele não é um traço marcante de nossa identidade nacional).

Todos esses números só reforçam a minha crença de que uma política de cotas raciais será extremamente prejudicial e injusta. Em todas as universidades que instituíram políticas assim há discussões antes não conhecidas entre nós: negros acusando nem tão negros assim de se beneficiaram indevidamente de cotas; pardos tentando provar que o cabelo pode não ser pixaim, mas a pele é negra; e brancos se sentindo excluídos mesmo sendo tão pobres quanto os candidatos negros beneficiados pelas cotas. Dizendo claramente: corremos o sério risco de, em breve, ver no Brasil o que nunca houve, o ódio racial. O certo é o simples: instituir cotas não raciais, mas baseadas na renda. Assim, pobres, que hoje não chegam à universidade, seriam incluídos. Sejam negros, pardos ou brancos. (grifo nosso)


ALI KAMEL é jornalista.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

PROJETO BRASIL EM PROGRESSO



O atual cenário econômico do Brasil, é de um país que, para manter a inflação sobre controle, optou pela manutenção dos juros em alta, para conseguir com isso que o capital disponível seja investido no mercado (compra de títulos públicos federais) em detrimento do investimento em produção, o que na opinião de economistas poderia aquecer o consumo, elevando os níveis inflacionários tão temidos pelo governo e pela população brasileira. O preço que se paga é que trocamos a dívida externa multibilionária por uma dívida interna maior ainda, e o Brasil, entre os paises em desenvolvimento, é o que possui o índice de crescimento menor, se comparado a outras potências em desenvolvimento o índice então chega a ser medíocre. Enquanto isso, pegamos o dinheiro investido pelos Bancos em títulos públicos e reinvestimos em políticas de assistencialismo como Bolsa Família e outras (que deve sim ser feito, mas nunca ser a base de sustento) que mais serve como uma imenso Banco Eleitoral, tanto que garantiu mais 4 anos do governo que aí se encontra. E a outra parte pagamos os juros do investimento feitos pelos Bancos, transformando essa relação em uma “roda da fortuna” federal, já que um dia o dinheiro que o governo conta em receber para o pagamento dos próximos juros e sua próxima campanha assistencialista será desviado para cobrir rombos dos investidores no mercado internacional, (a crise mundial financeira já começou) e com isso a maravilhosa RODA DA FORTUNA federal se quebrará e o Brasil novamente perderá a oportunidade de deixar de ser o país do futuro para ser o pais do presente.
A grande revolta é que a fundamentação para o medo da inflação, se dá pelo o aumento dos preços que o mercado fará com o conseqüente aumento do consumo. Seria como você estivesse vendendo um produto e que sua capacidade de produção fosse pequena, como você não consegue em um prazo curto aumentar essa produção e a demanda (procura) continua alta, você e todo o mercado mundial compensam essa diferença com um aumento nos preços dos produtos vendidos (isso economicamente falando chama-se inflação de demanda) e isso foi realidade na sua vida com a venda do álcool combustível; com a popularização dos carros “flex”, os usineiros compensaram a falta de produção com o aumento do lucro, e o preço do álcool subiu “horrores”.
Na teoria esse tipo de problema tem duas soluções: uma em curto prazo, inibindo o consumo, com o aumento dos juros, o consumo se controla a um ponto que a concorrência consegue manter os preços equilibrados (o resultado você já leu nesse artigo); e outro em longo prazo é aumentar o pátio produtivo do país fazendo com que o aumento do consumo seja disputado pelas novas empresas concorrentes (é o que acontece na China, Rússia, México, Espanha ...) seria como no caso do álcool duplicar o número de usineiros fazendo com que o aumento de consumo fosse suportado pela concorrência já que a produção não atingiu topo, devido ao maior número de produtores.
Sei que o problema é muito maior e que essa não é a solução definitiva para um real crescimento do país. Investimentos consistentes em educação de base, infra-estrutura etc. fazem parte de um pacote mais sustentável; mas todos que possuem uma economia forte investiram pesado em industrialização e em um forte comércio nacional, itens abandonados pelo governo em questão; que volta sua força e atenção para a derrubada de subsídios dos commodities (laranja, carne, milho, soja...) exportados pelo Brasil nas reuniões da OMC, será que seremos para sempre meros exportadores de matéria-prima e consumidores de industrializados, assim já é desde o Descobrimento, passando pela Independência, República, Estado Novo, Ditadura, República novamente, e o pensamento de colônia não nos abandona. Por isso que idealizo esse projeto, um projeto que a primeira vista parece uma coisa pequena, pouco pretensiosa, mas acredito que no longo prazo (10 anos) será um salto de industrialização jamais dado no Brasil.
Todos os movimentos de crescimento da indústria já feitos no país, desde a construção do Brasília ao PAC do governo Lula, industrialmente e comercialmente beneficiam poucas empresas, sempre com o suporte do governo (leia-se hoje BNDES) beneficiam empresas que já estão estabelecidas e firmes no mercado, assim não há como o mercado se expandir para que o aumento do consumo que gera o crescimento do país não traga consigo a inflação tão temida por todos nós brasileiros.

PLANO BRASIL EM PROGRESSO

O plano basicamente se consiste em um prazo de 10 anos, a criação de cerca de 20 mil novas empresas (entre empresas comerciais, de serviços e industriais). O plano é de uma parceria entre diversas entidades ligadas a União (BNDES, Banco do Brasil, TCU, Universidades Federais, ESAF e Sebrae) em um esforço conjunto para criar uma nova etapa do desenvolvimento nacional, em seu âmago, seria todos unidos com as suas competências para formarem gerações e mais gerações de empresas viáveis e sólidas; explicarei agora de forma resumida o plano.
O plano BRASIL EM PROGRESSO poderá ser um esforço do governo federal, na criação de novas empresas. Onde os POSTULANTES A EMPREENDEDORES NÃO PRECISARÃO POSSUIR IMÓVEIS, NEM CAPITAL EM GARANTIA AO EMPRÉSTIMO QUE SERÁ TOMADO PARA A CONSTRUÇÃO DA EMPRESA PLANEJADA, para garantir o não fracasso do investimento que a União fará para o desenvolvimento do país, os postulantes serão selecionados por intermédio de concursos públicos, onde não poderão concorrer: pessoas negativadas em Cadastros de Proteção ao Crédito (SPC, SERASA), que não tenha títulos protestados, nem empresas falidas ou em recuperação judicial nos últimos 5 anos, dentre outras restrições razoáveis a quem vai obter um financiamento sem garantia. Os classificados (200 por Estado) farão um curso de dois anos na Universidade Federal do Estado correspondente (ou Estadual caso não haja Universidade Federal no Estado) lá terão aulas de: Administração, Economia, Marketing etc. além de desenvolverem seus projetos em encubadoras das Universidades, tudo sob a supervisão e apoio dos Sebraes de cada Estado, tendo ao final do curso, que fazerem uma prova elaborada pela ESAF (Escola de Administração Fazendária do Governo Federal) e apresentarem seu plano de negócios para a análise conjunta do Sebrae e ESAF. Os aprovados na prova, que tiverem as melhores avaliações do Plano de Negócios (máximo de 85 por Estado), terão o projeto apresentado e financiado integralmente pelo BNDES com que avaliará o investimento e; em conjunto com o TCU (Tribunal de Contas da União) velando pela extinção de fraudes dos financiamentos oferecidos.
O financiamento do BNDES se dará em 3 montantes e um só para cada plano de negócio: R$1.000.000,00 (um milhão de reais) aos 10 melhores planos de negócios por Estado para pequenas indústrias; R$500.000,00 (quinhentos mil reais) aos 25 melhores planos de negócios por Estado para micro Indústrias ou pequenas empresas de comércio/serviço e R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais) aos 50 melhores planos de negócios por Estado para pequenas/micro empresas de comércio e serviço. Será oferecido o financiamento a uma taxa anual igual a taxa paga pelo BACEN pela remuneração dos títulos públicos federais (em torno de 18% ao ano) fixada no momento da autorização para o financiamento e prazos entre 10 e 15 anos para a amortização. O empréstimo será feito com carência de 24 meses para os investimentos de empresas comerciais ou de serviços e de 36 meses para as empresas industriais.
Os investimentos terão supervisão estrutural do TCU e supervisão funcional do Sebrae (por 3 anos), que auxiliará com consultoria nas diversas áreas e supervisão após o início do empreendimento. Os aprovados que não se classificaram para obtenção do financiamento, continuarão a obter consultoria do Sebrae por mais um ano e serão encaminhados para análise de empréstimo junto ao Banco do Brasil. Com suporte financeiro, conhecimento teórico adquirido e supervisão do empreendimento, acredito que o índice de empresas bem sucedidas será de 50% a 80% o que gerará só do programa em questão em torno de 14 mil novas empresas e quase um 1.000.000 (um milhão) de novos postos de trabalho, aumento do PIB, do PNB, da taxa de crescimento, com a redução enfim da taxa de juros, com a inflação controlada, com o país mais forte, com novos exportadores, com exportadores de produtos industrializados, com uma balança comercial favorável. Tudo isso com uma média de investimento de em média R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) por ano, muito pouco para o que o BNDES empresta pelo país afora, bem como empresta para fora do país.
A idéia em si é muito mais complexa, e possui muito mais detalhes, mas é uma idéia, logo nesse país onde o óbvio parece um até um absurdo, desenvolver o país com distribuição de oportunidades é o absurdo que proponho. Esse é, em tese, o meu projeto: PROJETO BRASIL EM PROGRESSO.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CONSELHO SE DÁ E SE VENDE!!!


Conselho, ao contrário do que dizem, é tão bom que os psicólogos ganham a vida “fazendo isso”, “conselho” foi o maior presente dado por Maquiavel ao seu rei e também foi o que Sun Tzu fez para ajudar a transformar a China em um império.
Dito isso... Eu tenho 3 diretrizes que aprendi; ou na vida ou nos livros, e não me furtarei a dividí-los com vocês nesse dia.
Estude! Todo mundo tem um teto profissional, onde dificilmente se ultrapassa somente com o trabalho, a quantidade de estudo aumenta esse teto profissional, por isso que não se vêem diretores e presidentes de empresas com formação de ensino médio ou de apenas superior completo, quanto mais se estuda mais chances você tem de transformar o seu trabalho em sucesso.
Se especialize! Seja ótima em alguma coisa e nessa coisa que você escolheu ser ótima, desempenhe com toda sua dedicação; em relação ao conhecimento vale o ditado: “Antes ser rei de um país do que apenas cidadão do mundo inteiro”, faça aquilo que você escolheu da melhor forma possível. As pessoas respeitam conhecimento e competência, seja respeitada por possuir esses dois requisitos, um sem o outro torna o profissional um tanto “capenga”, por isso seja especialista e competente.
Conhecimento se transmite, não se guarda. Talvez seja essa a diretriz mais sutil, mas que faz toda a diferença na vida profissional de uma pessoa de sucesso. Essa é a diferença das pessoas que são essenciais das que são insubistituívéis. Coitado dos insubistituíveis! Nunca crescem na empresa, são perfeitos injustiçados na opinião deles próprios, e nunca crescerão, pois nenhum subordinado sabe fazer o que ele faz, ele sonega conhecimento pelo medo de deixar de ser insubistítuível, e por isso tolhe seu crescimento; e ainda reclama do crescimento dos essenciais que treinam e condicionam seus subordinados para um dia ocupar o lugar que o essencial ocupa. Seja essencial a empresa e não insubistituível.
Sucesso para vocês !!! Para finalizar coloco um dos textos mais famosos da internet, do publicitário Nizan Guanaes a uma classe de formandos, funciona para mim e funcionará para vocês.
RAFAEL RANGEL DE SÁ


“Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, sou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.
Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.
A propósito disso, lembro-me uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: “Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo. E ela responde: Eu também não, meu filho”.
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem, como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassú. Que era ficção, mas hoje é realidade, na pessoa de Geraldo Bulhões, Denilma e Rosângela, sua concubina.
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito.
É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tendo consciência de que, cada homem foi feito, para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.
Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama sucesso.”

NIZAN GUANAES

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Para o meu argumento... os fatos (reportagem de hoje do LANCE!)

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(reportagem Jornal Lance! – publicada em 15 de fevereiro de 09)



NÃO EXISTE DEMANDA PARA A ARENA
Instalações modernas e a excelência em eventos esportivos conquistadas com o Pan serviram para expor várias fraquezas.


O Rio sonhado pós Jogos Pan e Parapan-Americanos de 2007 por pouco não se transformou num pesadelo. Várias promessas para o mundo esportivo, principalmente a utilização das utilizações erguidas para a revelação de talentos, não ocorreram.
- Não existe demanda para eventos de esportes. Tivemos pedidos para shows, eventos corporativos. Agora teremos o tênis (torneio Rio Champlos, em março), exibição de basquete, hóquei, mas são todos mais espetáculos do que eventos esportivos – disse o presidente da GL Events do Brasil, Arthur Repsold.
Em 2007, a empresa ganhou a concessão da Arena Multiuso do Autódromo Nelson Piquet, com o custo de R$ 269,9 mil mensais até 2016. Em março, o ginásio se transformou na HSBC Arena.
- Estou até disposto a não cobrar o aluguel só os custos. – disse Repsold.
Tanto a Arena Multiuso, que consumiu R$ 128 milhões, e o Estádio Olímpico João Havelange (R$ 400 milhões), atualmente administrado pelo Botafogo, foram erguidos pela prefeitura do Rio e cedidos a iniciativa privada porque o Município não encontrou uma maneira de pagar os custos de manutenção e transformá-los em legado esportivo e social.
Destino idêntico foi reservado a outras duas instalações erguidas pela prefeitura: o Parque Aquático Maria Lenk e o velódromo. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) assumiu os equipamentos, mas ainda não começou a explorá-los.
O Complexo de Deodoro, voltado as disputas hípicas e de tiro, pouco serviu para o desenvolvimento de novos talentos. A única instalação reformada para o Pan e utilizada pela comunidade é o Parque Aquático Júlio Delamare, no Complexo do Maracanã. Mas, antes mesmo da competição, abrigava projetos sociais.
Não fosse o reconhecimento da comunidade internacional à excelência do Brasil na preparação de eventos esportivos e a perspectiva de evolução com a construção de instalações de ótimo nível, o Pan e o Para-Pan teriam sido de pouca serventia.



A QUALIDADE DE VIDA QUE FICOU NO PAPEL



A realização dos Jogos Pan e Parapan-Americanos deram aos cariocas a ilusão de um Rio melhor para se viver ao final da disputa. Várias oportunidades como a despoluição das Lagoas da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, criação da estação de tratamento do canal Arroio Fundo, também na Barra, além de outros projetos como melhorias dos hospitais e transportes públicos transformariam a cidade em uma das melhores do mundo em qualidade de vida.
Mas os problemas de relacionamento político entre os três níveis de governo ajudaram a agravar a concretização dos projetos. Por exemplo, a prefeitura do Rio e o governo federal tiveram vários desentendimentos para a construção da estação de tratamento de águas do canal Arroio Fundo, orçada em R$ 23,2 milhões e até hoje não concluída.
A despoluição das Lagoas da Barra e Jacarepaguá, uma das principais carências da região, também empacaram por falta de recursos.
Os hospitais públicos, principalmente os municipais, continuaram em colapso. O Hospital Lorenço Jorge, referencia para o atendimento da população durante o Pan, tinha investimentos previstos de R$ 10 milhões, mas em uma visita ao local percebe-se que a situação pouco mudou.
O caótico trânsito do Rio permaneceu como antes do Pan. Nos transportes (veja abaixo) não houve nenhum avanço significativo.



AS PROMESSAS DE OBRAS FARAÔNICAS


Com o Pan assegurado, o Rio entrou na briga para a Olimpíada e Paraolimpíada de 2012. Não passou da etapa inicial, mas prometeu uma séries de obras que somadas às do Pan, transformariam a cidade em uma das melhores do mundo em qualidade de vida. Entre as realizações estavam as construções das linhas 4 (Barra da Tijuca – Zona Sul) e 6 (Barra – Baixada Fluminense) do metrô.
Outra obra vultosa era o Trans-pan – um Veículo Leve sobre Trilhos que ligaria o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra. Em determinado momento, cogitou-se a construção do Trem Bala, entre Rio e São Paulo, além da implantação de linhas de ônibus articulados.
E na disputa política para ver quem mais contribuía para a realização dos jogos até o Programa de Despoluição da Baia de Guanabara, que se arrasta desde 1994, teve seu término prometido.


“Abaixo minha opinião sobre as Olimpíadas Rio 2016”

sábado, 14 de fevereiro de 2009

OLIMPÍADAS RIO 2016 – EU TORÇO CONTRA


Qual é o legado que as Olimpíadas trás para o país sede? A maior festa do esporte é fruto da cobiça muitos países pelo mundo. Os governos tentam, assim que abertas as inscrições, medir esforços na competição para se tornar a próxima anfitriã olímpica. Os benefícios de infraestrutura, segurança, transportes e turismo são cantados pelos organizadores pretendentes como se fosse um mantra de um futuro mais próspero ao país (leia-se cidade) que receberá os jogos mundiais do esporte.
Após o fim dos jogos olímpicos de Pequim, analisando com calma a execução dos jogos e seus benefícios, vi que não serão os jogos olímpicos que trarão um “plus” de desenvolvimento ao Brasil.
Na China, a melhoria dos transportes ficou a cargo da proibição dos carros de transitarem no local dos jogos durante o evento; para segurança foi investido milhões de dólares para proteger o país do fiasco de um possível atentado terrorista durante os jogos, não vejo grandes reflexos no cotidiano de segurança para a população chinesa, a população continuará sendo vigiada como sempre foi, e a repreensão a liberdade de expressão e de imprensa, se tornou o motivo de indignação de toda mídia mundial; não houve modificações por causa da olimpíadas, que também não influenciou no crescimento da infraestrutura já que o país, independentemente dos jogos, cresce economicamente de forma assustadora em virtude de sua abertura ao mercado, da regulação do governo na economia e dos salários miseráveis pagos a seus trabalhadores.
Então qual foi o real legado dos jogos olímpicos de Pequim, para o povo chinês? O real legado foi a sua vitória no quadro de medalhas olímpicas sobre o EUA, os dezenas de novos heróis olímpicos, motivando todo um povo a crescer e se desenvolver a ponto de ser uma nação gigante em todos os aspectos. Esse é o real legado que a China teve com os seus jogos! Porém, esse legado pouco teve a ver com o fato de ser ela a anfitriã, mas, com certeza, teve a ver com o plano chinês de ser tornar a maior nação olímpica do planeta; a Grécia, anfitriã precedente, mostrou que o legado olímpico de ser a sede não gera uma nova geração de atletas, pois terminaram os Jogos de Pequim sem nenhuma medalha de ouro, atrás de países que nunca nem sonharam em se candidatar a receber os jogos, que eu “nem sabia” que existiam.
Por isso que torço contra, torço contra, pois com o custo de sediar uma olimpíada poderíamos fazer muito mais, poderíamos ser uma potência olímpica, poderíamos construir centros de excelência por diversas partes do país, o desenvolvimento seria do Brasil e não apenas do Rio de Janeiro. O Brasil já é sede da Copa do Mundo de 2014 e o Rio de Janeiro foi sede do Pan de 2007, um outro evento de 16 dias como os jogos olímpicos soa mais como a demonstração de um poder econômico que não temos, é dinheiro mal empregado e com retorno superavaliado, os últimos países sedes possuíam condições muito superiores a nossa (Coréia do Sul, Espanha, EUA, Austrália e China) , com exceção da Grécia, talvez por isso que o legado esportivo grego para os jogos seguintes tenham sido um fiasco de dar dó, mas eles ainda tinham a desculpa de serem o berço dos jogos olímpicos da modernidade e queriam por isso sediarem os jogos no seu centenário.
Quem não concorda comigo me diga então! Qual é a desculpa do Brasil?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Carta a Ali Kamel


Venho aqui, por este e-mail agradecê-lo por suas brilhantes colunas, vejo pessoas que contrárias ao seus pensamentos rechaçam de forma contundente o que você expõe nas suas colunas. Realmente acho que deve haver muita coragem para uma pessoa escrever sobre o combate a discriminação com mais discriminação não deve ser a política ideal, já que a maioria intelectual branca fica um tanto que incomodada ao tratar desse assunto, com medo de serem confundidos como racistas. Imagine um Veríssimo tratando desse assunto, com certeza iriam taxa-lo como racista. Então se fazem de um discurso mais politicamente correto para evitarem esse embaraço previsível. Todos que discordam de alguma coisa pleiteada pela comunidade negra é tida como um monstro, quase um "senhor de engenho moderno",não é assim que se discute divergências. Falo como brasileiro, negro, filho de uma negra com um branco, separados e casados novamente cada um com um novo companheiro da cor de seu nascimento. Minha mãe pelo destino que se traçou,mesmo com apenas o segundo grau quitou sua casa no bairro do Maracanã, pagou meus estudos sem ajuda legal da pensão que meu pai deveria arcar. Já meu pai não teve tanto sucesso, se pode chamar o básico de sucesso. Não conseguiu quitar seu apartamento no bairro do Rocha foi morar na casa de minha madrasta em Senador Camará, por ver que não era lá um bom lugar para criar meus irmãos mudou-se para Caxias para casa no seu irmão, meu tio. O sucesso e o fracasso de alguém tem muitas outras variáveis, que a cor da pele do cidadão. Me recordo que minha mãe foi criada por uma empregada doméstica, minha avó, e por um vendedor, meu avô. Bem parecido com meu pai, que tinha um pai vendedor e uma mãe dona de casa. Minha mãe só tem o ensino médio e meu pai ensino superior, formado em Administração. A vida determinou o nível de sucesso de cada um. Eu e minha irmã de pai e mãe fomos criados sabendo das dificuldades que as pessoas pobres passam independente da cor de pele que elas tenham. Pago minha faculdade com muita dificuldade e realmente uma vaga por cotas seria muito bem vinda, mas não seria justa, pois meus outros 3 irmãos brancos por parte pai passam por dificuldade muito maiores as que passo. Nessa situação se relflete muitass outras situações, em que o apartheid brasileiro não encobre. Quero uma nação de brasileiros onde a discriminação seja combatida e não legalizada. Falta a coragem das pessoas justas declararem seu posicionamento. O retrocesso avança em passos largos e essa mudança só poderá ser combatida por aqueles que não tenham medo de enfrentar a fogueira dos dissonantes. Hoje, dizer que não existe raça seria como ter dito que a Terra não era plana na Idade média. Alguns acabarão crucificados em nome de verdade e o pior que a imprensa não quer pagar esse preço.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A INVOLUÇÃO PÉTREA


Na atual Constituição Brasileira, em seu art. 60, expõe as condições de alteração da nossa Constituição; bem como, as limitações temporais para as emendas e quais as matérias que não podem ser objeto de deliberação para modificação. Essas normas protegidas pelo art. 60, nasceram com vocação para eternidade, segundo o desejo do constituinte originário, convencionou-se então por chamá-las de cláusulas pétreas e delas somente se pode modificar, para ampliar sua abrangência e sua proteção.
Elas, em sua maioria, limitam a atuação do Estado na sua relação com os cidadãos (Direitos de 1° geração) e protegem a formação do Estado Federativo. Essas cláusulas estão arroladas em partes diversas do documento constitucional, e além disso, pelo entendimento doutrinário e jurisprudencial, as cláusulas pétreas abraçam outras normas, não relacionadas explicitamente no art. 60, mas que de forma derivada garantam o exercício destas.
A Constituição Brasileira como um documento dogmático e fundamental, da construção de um novo Brasil democrático e livre; foi construída pela Assembléia Constituinte que separou em partes, como de costumes das constituições escritas, normas que servirão de base para todo ordenamento jurídico do país e colocou logo na abertura do texto, imediatamente após o protocolo de intenções da Carta (preâmbulo) sua primeira norma de validade jurídica: Os Fundamentos da República.
Fundamento, segundo o dicionário Aurélio (versão eletrônica), é base, alicerce. Fundamento é mais que mera introdução, mais que princípios, na verdade, do fundamento se retira os princípios, e daí, se produzem às normas. Não seria demais entender, que toda a Constituição Federal tem como base o seu fundamento; e nele o constituinte originário colocou o alicerce do restante da Carta de 88. E assim, arrolou, sem ser extensivo, seus fundamentos: Soberania, Cidadania, Dignidade da Pessoa Humana, Valores Sociais do Trabalho e Livre Iniciativa; Pluralismo Político, e Independência e Harmonia entre os Poderes da República; e logo, em seu único parágrafo do primeiro artigo da Constituição, ficou expresso: “Todo o poder emana do povo (...)” estando nesse trecho, logicamente, a pedra fundamental do sentido de Democracia (governo do povo) e de República (coisa pública).
Tão certo quanto à doutrina afirma que não há supremacia entre as normas constitucionais, mas sim a predominância de interesses entre elas; é o fato que havendo o conflito entre duas normas constitucionais originárias; seria um absurdo que alguma outra norma feita na Carta de Outubro poderia, mesmo sendo ela feita pelo poder incondicionado, ir de encontro a um fundamento da Constituição.
Os fundamentos não abrem o diploma constitucional por mera questão formal, é dele que se retira todo o ordenamento, inclusive o restante do diploma e com base nesse princípio, verifica-se, de forma clara, que incondicional, não é o poder do constituinte originário, mas sim o poder do povo. É do povo que se retiram os conceitos de Democracia e República. Governos vêm e vão, de acordo com as contingências mundiais, mas, o povo é o alicerce vivo do tripé que constitui o Estado, tanto que durante séculos mesmo sem um território fixo os judeus mantiveram vivos seus fundamentos, assim, é o povo; a parte mais forte e incondicional da formação de um Estado.
No desejo de proteger o povo, da ingerência transitória dos Governos, desejou-se assim o Constituinte, tornar inatingível de supressão ou a modificação supressiva, de alguns dos dispositivos da Carta de 88 (limitação material). Havíamos acabados de sair de um regime ditatorial, e como resposta a usurpação dos direitos humanos do Governo deposto, o legislador achou por bem, não apenas garanti-los, mas como também blindá-los da transitoriedade dogmática dos Governos Futuros.
Pois bem, em menos de 200 anos, o Brasil quase que chegou a casa de dezena, de Constituições elaboradas (1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, "1969" e 1988), é notório que com um retrospecto desses; o princípio da vedação ao retrocesso (que nem uma nova Constituição pode suprimir direitos fundamentais do homem) defendida como base moral da imposição e manutenção dessa limitação material é uma conjectura dogmática delirante, porque novos Governos se legitimaram e se legitimarão construindo novos diplomas. Então, penso que tornar imutável, certos direitos e garantias é tornar imutável a evolução social do povo.
Direitos Fundamentais como: a vedação da pena de morte em tempos de paz, vedação a pena de trabalhos forçados entre outras, não são aceitas de forma pacífica pela sociedade. Já a soberania dos veredictos do tribunal do júri já foi relativizada em julgamentos do Supremo Tribunal. A ampliação dos considerados direitos pétreos (chegando até mesmo à tributação, direitos sociais etc.) faz com que boa parte dessa nova Constituição não acompanhe mudanças de pensamento, e dogmas. Direitos Pétreos devem ser aqueles que garantem a parte da formatação do Estado Federado Republicano, LOGO A REPÚBLICA, PARTE FUNDAMENTAL DA NOSSA CONSTITUIÇÃO, NÃO É CONSIDERADA POR NÓS CLÁUSULA PÉTREA. ELA FOI ESCOLHIDA DIRETAMENTE PELO POVO ATRAVÉS DO REFERENDO, MAS AINDA PODE SER MODIFICADA MEDIANTE EMENDA CONSTITUCIONAL, é a inversão de valores a desserviço da evolução do Estado.
Todo poder emana do povo e cabe somente a ele, de forma direta, e sem representação, determinar a manutenção ou modificação das cláusulas pétreas, que não afetem os fundamentos da República . Do modo que se mantém a formulação dessa Constituição, acabará sendo esta trocada por outra. Não para legitimar um novo modelo de poder que surge no país, mas para simplesmente não impedir a evolução social do povo, que deve ser o motivo e o objeto de uma Constituição Democrática Republicana.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A REFORMA ORTOGRÁFICA, E UMA LIÇÃO, DO LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO, DE COMO LIDAR COM A NOSSA LÍNGUA


O gigolô das palavras
Luís Fernando Veríssimo


Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Um projeto de lei, que seria importantíssimo para ter uma polícia mais preparada.


PROMOÇÃO DA PMERJ
Governo do Estado do Rio de Janeiro

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº XXXX , DE XX DE JANEIRO DE 2009.



Regula a forma e o processo especial de evolução na carreira da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.


O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faço saber que a Assembléia Legislativa deste Estado decreta e eu sanciono a seguinte Lei:


CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS


Art. 1o Esta Lei estabelece normas especiais de promoção e escalonamento de carreira do Policial Militar do Estado do Rio de Janeiro.
§ 1o Os preceitos desta Lei se aplicam somente ao órgão Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
§ 2o Os efeitos desta lei não substituem outros processos de promoção e escalonamento já existentes para a Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
§ 3o Esta lei tem como objetivo aliar o desenvolvimento pessoal do policial militar com a conseqüente evolução hierárquica deste dentro da corporação.
§ 4o Não poderão participar deste processo de promoção, os policiais que estiverem respondendo processos de desvio de conduta de infrações consideradas graves, processos criminais e os que estiverem cumprindo penas judiciais ou administrativas.


CAPÍTULO II

DAS FORMAS DE PROMOÇÃO E ESCALONAMENTO


Art. 3o O policial militar tem direito a promoção para subpatente imediatamente subseqüente a que possui nos casos descritos nos encisos I e II; ou patente imediatamente subseqüente nos casos descritos nos encisos III e IV, sem prejuízo de outros direitos de promoção que lhe sejam assegurados:
I – após concluir curso de graduação de nível superior, entre os listados nesta lei, desde que este seja reconhecido e aprovado pelo Ministério de Educação e Cultura;
II – após concluir curso de Pós-Graduação lato sensu, que tenha relação direta com os cursos listados nesta lei, desde que este seja reconhecido e aprovado pelo Ministério de Educação e Cultura;
III - após concluir curso de Pós-Graduação – Mestrado – stricto sensu – que tenha relação direta com os cursos listados nesta lei, desde que este seja reconhecido e aprovado pelo Ministério de Educação e Cultura;
IV - após concluir curso de Pós-Graduação – Doutorado – stricto sensu – que tenha relação direta com os cursos listados nesta lei, desde que este seja reconhecido e aprovado pelo Ministério de Educação e Cultura;
§ 1o. Não serão cumulativos promoções pela conclusão de cursos de mesma graduação;
§ 2o Os efeitos desta lei não aproveitam diplomas já emitidos antes da data da promulgação desta lei.


CAPÍTULO III

RELAÇÃO DE CURSOS AUTORIZADOS


Art. 4o São cursos que geram direito a promoção de subpatente ou patente ao policial militar após a conclusão deste:
I - Direito;
II - Sociologia;
III – Administração Pública;
IV – Enfermagem;
V - Medicina;
VI – Serviço Social;
VII – Educação Física;
VIII – Psicologia;
Parágrafo único. Somente serão aceitos os cursos de graduação técnicos, aqueles voltados exclusivamente para área de Gestão de Segurança Pública.


CAPÍTULO IV

DO INÍCIO DO PROCESSO DE PROMOÇÃO


Art. 5o O processo administrativo iniciará a pedido de interessado.
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados e documentos:
I - apresentação do diploma oficial de conclusão do curso listado entre os permitidos, bem como de cópia autenticada do trabalho final devidamente aprovado pela banca avaliadora;
II - identificação do interessado, bem como sua patente atual e o nome do comandante do quartel ao qual esteja lotado;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente.
§ 1o. É vedada ao responsável a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo este orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
§ 2o Deverá o trabalho final ter pertinência com assuntos voltados a área de segurança pública.
§ 3o Caberá ao órgão responsável somente verificar, na análise, a veracidade dos fatos e documentos; se o postulante sofre de algum impedimento legal e se houve pertinência do trabalho final entregue com assunto ligado a área de segurança pública.
§ 4o Deverá o órgão além de publicar sua decisão no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, publicar o trabalho apresentado em uma circular ou similar de circulação interna da corporação, não havendo este tipo de impresso, caberá a Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro providenciar a criação desse veículo midiático.
Art. 7o Deverá a Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro elaborar modelos ou formulários padronizados para esses assuntos.
Art. 8o Estará sujeito a penas do regime disciplinar militar, as faltas e infrações cometidas tanto pelo requerente como pelos responsáveis durante o processo de recebimento e avaliação do pedido.


CAPÍTULO V

DO DEVER DE DECIDIR


Art. 9o. Tem o órgão responsável o dever de explicitamente emitir decisão neste processo não podendo delegar esta competência.
Art. 10. O prazo máximo para resposta do pedido feito é de 30 dias, após a entrega do pedido, prorrogáveis uma única vez pelo mesmo período de forma motivada pelo órgão responsável.


CAPÍTULO VI

DA DESISTÊNCIA


Art. 11. O interessado não poderá desistir do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis, após dado o início do processo, com o recebimento do pedido.
Art. 12. O sendo negado o pedido, sem haver dolo ou culpa do interessado, o órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.


CAPÍTULO VII

DOS PRAZOS DO PROCESSO E DA EFETIVAÇÃO


Art. 13. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos do processo contam-se de modo contínuo.
Art. 14. Sendo o processo devidamente aprovado, será considerada efetivada a promoção com efeitos de caráter hierárquico, funcional e pecuniário no 1° dia útil subseqüente do ano posterior da data da aprovação do pedido feito pelo requerente.
Art. 15. Cabe ao governo do Estado do Rio de Janeiro por meio do órgão Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, instituir convênios com as instituições de ensino, com fim de proporcionar estes cursos com descontos relevantes para que sejam cursados pela corporação interessada.
Art. 16. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Rio de Janeiro XX de fevereiro de 2009; 188o da Independência e 121o da República.


SÉRGIO CABRAL FILHO (FAZ NASCER ESSA LEI, MEU GOVERNADOR)

Rafael Rangel (CRIADOR DA LEI)

Everton Gomes (COLABORADOR)

CONTROL C CONTROL V (retirado, há tempos do blog garamblog)

CONTROL C CONTROL V(ou Recorte e Guarde)
O Garamblog recebeu o texto abaixo de um tricolor, Marcelo Liporace. Sugiro aos outros tricolores usarem o comando acima e guardar no computador. Serve como documento para argumentar com os outros torcedores, já que o Fluminense caminha serelepe e fagueiro para a série B. E pior, sem vergonha na cara. É um desabafo de torcedor. Mas serve como fina ironia para os próprios dirigentes atuais refletirem sobre o ano de 2006, quando o time era favorito para o Carioca, perdeu, favorito para o Brasileiro, está quase caindo, favorito para a Copa do Brasil, perdeu, favorito para a Sul-Americana, perdeu, favorito para ser mais uma vez o Melhor do Rio, sem comentários.É duro ver que um dos clubes mais tradicionais e vitoriosos do Brasil deixa como legado a seus torcedores apenas o exercício da retórica histórica. Porque título importante que é bom, nada.Inúmeras vezes o Fluminense é mencionado depreciativamente na mídia esportiva. Os motivos são sempre criativos, apesar de muitas vezes estapafúrdios, descontextualizados da verdade dos fatos, como a tal versão fantasiosa e sistematicamente construída de que estamos na primeira divisão do futebol brasileiro por uma virada de mesa solitária. O comentário, retirado de seu contexto real, serve apenas à desinformação e ao reforço de um preconceito perverso. A história do futebol brasileiro só poderá ser contada se contada como a própria história das viradas de mesa. Não se pode afirmar onde uma acaba e começa a outra, tal a promiscuidade entre seus enredos. Mas não precisamos ir tão longe; vamos começar pelo ano de 1981, quando Palmeiras, Bahia, Coritiba, Guarani e Náutico, cujo desempenho nos campeonatos estaduais foi pífio, descredenciando-os a disputar o Brasileiro, receberam gentilmente o convite para participar da festa da elite, sob o grotesco álibi de um regulamento que permitia que em um mesmo ano os clubes que disputassem a Taça de Prata pudessem ascender à Primeira Divisão. Em 1982 os beneficiários desse esdrúxulo critério foram, entre outros, Atlético Paranaense e Corínthians, os mesmos de quem vamos falar mais à frente. Em 1986 o mesmo Botafogo do fanfarrão Bebeto de Freitas devia cair à luz do regulamento do Brasileiro daquele ano. O Clube dos 13 prontamente correu em socorro de seu afiliado e promoveu a Copa União, mantendo o alvinegro carioca no andar de cima. Em 1993, já aí comovida com o desespero do Grêmio, que não subiu pelo campo, a CBF fez retornar à Série A os doze primeiros da B, ajudando de lambujem o Vitória da Bahia, oferecendo-lhe elevador para a cobertura em plena competição. Foi o São Caetano da vez. Há ainda os casos de São Paulo, Vasco e Santos, que não conseguiram desempenho nos estaduais de forma a credenciá-los à divisão da elite, mas foram convidados, aceitando a mesura docemente constrangidos. Há muito mais. Mas para o que aqui vai se argumentar é o que basta. O Fluminense, pelos critérios vigentes em 1996, deveria ter sido rebaixado. Muito bem. Mas isso caso o campeonato tivesse transcorrido em um ambiente de normalidade esportiva. Qual o quê! Tão logo se encerrou a farsa, o Brasil assistiu perplexo a uma série de reportagens do Jornal Nacional trazendo à tona um dos maiores escândalos não apenas do futebol brasileiro, mas de toda a nossa pródiga história de escândalos. Vinha à luz o indecente episódio do 1-0-0, que ficou conhecido como o Caso Ivens Mendes. Sob o olhar estarrecido da sociedade brasileira, o JN denunciava um imoral esquema de manipulação de resultados, capitaneado pelo diretor de arbitragem da CBF e pelos senhores Alberto Dualibi e Mário Petráglia, dos reincidentes Corínthians e Atlético Paranaense. Naquele momento o futebol brasileiro se viu diante de sua maior vergonha, vazou o fundo do poço nas asas da prostituição de quem por ele deveria zelar. Quando se esperava a punição criminal dos envolvidos e o sumário rebaixamento das agremiações beneficiadas pelo esquema (que, por sinal, ganharam títulos nacionais após a irrupção do escândalo), adotou-se a solução salomônica e asquerosa de não rebaixar ninguém, limitando-se a CBF a punir desportivamente os dirigentes, e não os clubes imoralmente beneficiados. Nesse momento de mancha histórica de nosso futebol a decisão includente e equivocada deveria ter sido objeto de repúdio por parte de todos os dirigentes dos clubes não envolvidos e por toda a imprensa ética. Não se viu nem uma coisa nem outra. Em vez de protestar publicamente contra a imoralidade, um abjeto dirigente tricolor, destituído da representatividade emanada da imensa maioria de nossa torcida, fez do deboche a expressão do regozijo, espocando um champanhe que nos transformou em inimigo prioritário da opinião pública. Aquele gesto, abominável em si, teve ainda o condão de desviar do foco das medidas que deveriam ser adotadas para iniciar-se a moralização do futebol brasileiro com a punição dos responsáveis por um episódio chulo e vergonhoso, o do esquema 1-0-0. O champanhe foi o habeas-corpus da quadrilha, esta uma expressão muitas vezes usada pelo Jornal Nacional para definir a turma dos dedos leves e contas pesadas.O Fluminense caiu em 1997. E disputou a Segunda Divisão. Caiu em 1998, e, para espanto de uma opinião pública descrente, disputou e ganhou a Terceira Divisão, tendo a correr pela beira das várzeas em que jogamos um técnico tetracampeão do mundo. Só o Fluminense, por seu passado e peso em nossa história, pôde se dar esse luxo. Estávamos preparados para disputar a Segunda, em 99, quando um imbroglio jurídico - por sinal, mais uma vez envolvendo até a medula a vestal Botafogo, do ínclito Bebeto, e o São Paulo do nem tão ínclito Sandro Hiroshi – patrocinado pelo Gama, prometia inviabilizar a realização do Brasileiro de 2000. À semelhança de 87, com a Copa União, optou-se por entregar ao Clube dos 13 a organização do Brasileiro, que recebeu a redentora alcunha de Copa João Havelange. Foram muitos os convidados, afinal a JH contou com a oceânica participação de 116 clubes! Seu regulamento era um convite ao delírio, e possibilitou inúmeras “viradinhas” de mesa nos módulos inferiores. Foram mais de 10! A JH produziu ainda um absurdo diante do qual toda a imprensa brasileira se calou: o fato de o São Caetano ter se habilitado à Libertadores sem que houvesse disputado a Primeira Divisão. Estranho, não é?Se a JH serviu como base para definir os representantes brasileiros na Libertadores, por que não serviria para definir os participantes de nossa Primeira Divisão do ano seguinte? E aqui cabe lembrar: da JH a 2002, o Fluminense foi o clube brasileiro que mais pontos acumulou na divisão de elite.Recusamos veementemente o papel de beneficiário exclusivo das armações do futebol brasileiro. Somos a torcida líder em acesso à internet; a responsável por transformar um simples uniforme, o laranja, no maior fenômeno de vendas entre todas as torcidas brasileiras; só perdemos em exposição de mídia, em 2002, para os finalistas Santos e Corínthians; batemos freqüentemente os recordes de audiência em tv por assinatura; somos uma nação orgulhosa de sua história, um clube de massa, com representação em todo o território nacional.A ter que recuar para que se restaure o império da ética, voltemos a 1996, quando a face podre se tornou visível. Aí sim poderemos zerar o hodômetro moral do futebol brasileiro, com a punição exemplar dos envolvidos no episódio Ivens Mendes, inclusive as agremiações beneficiadas por essa nódoa de nossa história. Até lá exigimos que o Fluminense seja respeitado pela força de sua torcida e tradição, que não pode ser confundida com atitudes isoladas de inquilinos transitórios de Álvaro Chaves.Não se pode embaralhar o Fluminense com o gesto isolado de um dirigente, assim como não se pode tomar o Botafogo pelo Bebeto; o Vasco pelo Eurico; a Globo pela do Galvão; a ESPN pela do Trajano. Citar o Fluminense como beneficiário exclusivo das nefandas articulações de bastidores, como exemplo único de transgressão às normas, é de um delírio cretino. Ao citar um caso isolado, tragam-no para o ambiente cultural em que ele se forjou, um ambiente em que não há bandidos nem mocinhos, e sim uma absurda cumplicidade e omissão. Só os torcedores podem mudar esse quadro. Como nos ensinou um dos mais ilustres tricolores, o imortal Nelson Rodrigues: “O Fluminense tem a vocação do eterno: tudo passará, só o Fluminense não passará”.